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Epílogo .

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A falação de Baalgor parecia não ter fim, mas na verdade percebi que ele desejava terminar logo para se ver livre de sua missão.

- Como chegar aos reinos celestiais ou aos reinos infernais? Será que um homem caridoso tem seu destino certo nos reinos celestiais ou um assassino perigoso um pedaço do inferno?

- São perguntas difíceis de responder, pois mesmo ações locais não são suficientes para marcar uma alma. Os caminhos até aos deuses ou aos príncipes infernais são como frequências de cordas de um violão, onde as notas marcam o caminhar de uma alma. Vibrando em uma nota especifica a alma pode alcançar um dos reinos, ou seja, não somente suas ações, mas seus desejos o levaram a um lugar específico.

Baalgor explicou que muitas das formas encontradas pelos deuses para garantir que seus fiéis seguidores se destinem aos seus reinos, foram as orações usadas em seus templos. Podia parecer até mesmo muito simples, mas o ato de orar permitia aos fiéis se aproximarem mais de seus deuses e vibrarem na frequência destes, algo muito usado também pelos demonistas em suas cerimônias profanas.

Em certo ponto o demônio parou no que pareciam ser ruínas de uma fortificação. A única parte que ainda parecia intacta era um grande círculo de pedras onde sobre o chão negro podia-se vem inscrições que formavam um pentagrama.

Apontando para o círculo Baalgor falou - Em tempos imemoriais, Aqueles que Criam e Aqueles que São, lutaram. E os primeiros venceram, porém, Aqueles que Corrompem ansiaram o poder dos que venceram. E, por isso, foram condenados e tiveram como destino A Agonia dos Reinos Inferiores. Eram antecessores aos deuses, mas foram abortados em poder. Restaram para estes se entregarem em catástrofes por sua prisão, um domínio do tão pouco que lhes foram reservados.

- As balanças de equilíbrio nos confins do mal se definiram. Caíram em trégua. Seus olhos se desviaram dos deuses e foram para os Filhos.

Logo eu percebi a verdade. Covardes! Eles não tinham Filhos amados e amantes como os deuses! Afinal, não gozavam do Sonhar, aquilo que torna os deuses amados, aquilo que torna os deuses queridos, necessários, acima de toda e qualquer vontade. Mesmo para os Titãs, que não eram amados, bastava que assim o quisessem para que assim o fossem. Mas os Demônios? Não! Faltava o desejo dos Filhos para que pudessem. O ódio não cria. Mas engana e deturpa...

***


Nossa viajem se encontrava no fim, quando percebemos que a magia que aprisionava Baalgor enfraquecia rapidamente. Logo entendemos que o próprio inferno drenava a energia da magia que não fosse oriunda dela mesma.

Neste momento nos encontrávamos em uma encruzilhada. Tive situações difíceis como mercenário em diversos combates, mas nada como estava passando naquele exato momento.

Baalgor havia sinalizado para outros demônios quanto a nossa presença e dezenas de demônios se aproximavam a cada minuto. A magia que aprisiona Baalgor se desfez e vi Petas cambalear de fraqueza.

Petas retirou de dentro de sua roupa e expôs o amuleto de Amira, uma das joias mais poderosas do mundo. Ela nos dava alguns minutos de proteção, neste mundo pútrido. A luz que sai da joia queimava os demônios como os raios celestes vindos dos deuses.

Em contrapartida toda entidade maligna que antes desconhecia nosso paradeiro agora sabia onde estávamos e estavam querendo nossa pele para fazer de tapete em sua pocilga.

Baalgor era um esperto. Quando viu o cristal rapidamente se lançou atrás de uma das pedras do círculo e gritou.

- Seu verme!!!! Acha que esta joia vai te proteger? Você está no útero do inferno, onde a luz celestial jamais tocou. Nós engolimos a luz, seu saco de pus.

- Tudo o que falei de nada serviu? Não existe como sair daqui. O Limbo é uma barreira intransponível, somente de fora pode-se abrir a porta.

Eram bem verdades as palavras de Baalgor, mas antes de começar esta jornada Petas havia estudado e se preparado para a ocasião, contudo não esperava que o efeito do selo fosse o desgastar tanto.

- Bem, isso não estava escrito, dizia ele. Isso é algo que vou retificar quando voltar, isso eu vou - Falou Petas ao se apoiar em uma das pedras.

- O efeito da joia vai terminar e eu vou usar sua pele para me vestir, vou beber no seu crânio...

As ameaças somente faziam Petas trabalhar ainda mais depressa. Era impressionante como uma pessoa era capaz de fazer um círculo de proteção e conjuração rápido e tão bem-feito quando existem centenas de milhares de demônios querendo sua cabeça.

- Seu merda, vou te matar. Vai ser meu escravo para toda a eternidade. Vou te açoitar com as próprias tripas.

A coisa estava ficando mais perigosa a cada segundo. A joia começava a dar os primeiros sinais de desgaste e alguns demônios avançavam somente para serem barrados pela minha espada e pelo círculo de proteção de Petas.

Mas de nada adiantaria se Petas não completasse o ritual de passagem. Ele retirou um espelho, uma vela e um pote onde preencheu com água.

- Sitirius Males Penistes, do caminho pelo espelho, da mudança de estação, a chama da vela guia a direção. - Gritou Petas

Petas acendeu a vela e colocou em frente ao espelho. A imagem da vela deixada na cripta rubra se apagou magicamente e nós tocamos o espelho.

Neste instante a joia estava em seu último “suspiro” e um leve brilho se desfez, mais leve que final de tarde e milhares avançam em nossa direção. O círculo não me dava mais que alguns segundos para entornar a água que se encontrava no pote.

Instantaneamente nos encontramos do outro lado, na cripta rubra segurando o espelho de lá. Olhei para ele e vi o rosto de Baalgor gritando.

- Seu vermezinho imundo, seus truques não poderão te salvar. Você ainda vai ser meu! - Com uma raiva colossal, Baalgor lançou o espelho no chão que se quebrou em mil pedaços.

- Cuidado meu caro, isso vai te dar sete anos de azar. - Disse Petas com um sorriso no rosto.

A fuga da cripta foi mais fácil que sua entrada, principalmente pelo conhecimento e pelo poder que Petas adquiriu nesta nossa viajem insólita pelos planos infernais. O caminho para casa foi longo e não menos sacrificante, mas recompensador.

Faltava ainda uma última parada antes de continuar e me dirigi até o templo mais próximo do deus Cruine. Tive receio de entrar, mas tomado por uma coragem ou loucura, não sei dizer, resolvi entrar.

Eu fiquei longas horas em silêncio até a chegada de um sacerdote. Ele já estava aflito ao me ver parado dentro do templo e resolveu matar sua curiosidade.

- O que deseja meu filho? Posso fazer algo por você?

- Não. Estou esperando para ele me chamar para podermos conversar. Acredito que ele tenha algumas coisas para me dizer e achei melhor conversar logo — o sacerdote me olhou de lado e saiu devagar. Deveria estar acreditando que eu fosse mais um destes loucos. Mas eu não estava louco. Tinha mais um destino a tomar.

***


Bem, se você chegou até aqui e leu tudo isso, você sabe agora a verdade ou pelo menos o que posso dizer ser a verdade.

Saudações de seu eterno amigo Maudi.


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